O Tema e seus conceitos

   



Resíduos - Introdução



O mundo vive mudanças rápidas e profundas, que nos angustiam, nos causam perplexidade. As mudanças aceleradas abalam conceitos, usos e costumes, economia, trabalho, meio ambiente e a vida das pessoas, não permitindo o tempo necessário para a adaptação às novas situações. No meio ambiente e na vida das pessoas parece que existe em crise e que esta não é passageira, fazendo-nos pensar que esta faz parte dos novos tempos.

Novos tempos nos quais as pessoas estão confrontadas com uma situação completamente nova, que exige respostas também novas, um novo paradigma. Isso não é inteiramente falso, mas isso também não é inteiramente correto, principalmente quando se fala em meio ambiente ou sobre o que fazer com os resíduos.

Não é correto, porque existe uma considerável continuidade no modo de pensar os problemas decorrentes dos resíduos e materiais que as comunidades estão produzindo e que os avanços da tecnologia não têm solucionado porque esbarram no processo político e no pensamento econômico, resultando na medida mais conhecida: simplesmente empurrar para a frente e para as outras gerações os problemas que hoje estão se apresentando; as questões do meio ambiente e do uso dos recursos naturais não fogem desta lógica simplista.

O problema do qual estamos falando diz respeito à saúde das comunidades e do meio ambiente face ao ritmo imposto por um modo de processo produtivo que privilegia o ponto de vista econômico e valoriza apenas a “produtividade” e o “consumo”, sem ter aprendido formas sustentáveis e socialmente justas da produção do lucro, o que está longe de ser um elemento apenas do plano ideológico.

 A preocupante realidade do meio ambiente nas cidades, independente do seu tamanho, se traduz não só na agressão ao meio ambiente e no aumento dos casos de enfermidade e de má qualidade de vida das pessoas, mas na banalização de tudo que tenha a ver com resíduos e lixo; “as coisas são assim, sempre foram assim”.

Para nós que valorizamos a ecologia e o meio ambiente como lugar e fator fundamental da qualidade de vida, esta situação sugere que devemos fazer análises que precisam ir além do “bom senso” ou de uma leitura superficial sobre o assunto.

Diante de um ambiente que se degrada cada dia mais, seja nos espaços urbanos ou rurais, as leituras das condições do meio ambiente e como elas impactam na saúde das cidades não podem se apresentar a partir de uma perspectiva de “bom senso” ou com soluções de curto prazo que apenas traduzem no seu imediatismo a forma mais evidente para superar situações problemas desenhadas pelo mercado e pelas novas conjunturas do capitalismo contemporâneo.

DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO

 · Período Arcaico(do fim da 2º guerra até a promulgação da Lei de Remoção de Resíduos, 1972 na Alemanha)

Essa época é caracterizada por iniciativas do governo onde tinham uma responsabilidade ética sem obrigação legal. A forma de lidar com os resíduos deu-se com base no desenvolvimento de conhecimento científico e de segmentos empresariais. “ Lixo é conseqüência da nossa atividade econômica”, todo sistema industrial era gigantesca máquina de fazer lixo.

· Período do Desenvolvimento(1972 a 1996)Vai da Lei de remoção de resíduos até a Lei da Reciclagem e Resíduos.

Nessa época a gestão de resíduos se desenvolveu enormemente, foi reduzida até 500 mil aterros sanitários, cresceu também o nº de plantas de tratamento para resíduos industriais. Além do aproveitamento de metal, têxtil e papel já existente, visava-se reintroduzir substâncias recicláveis no ciclo econômico através de sua coleta seletiva, separação e utilização.

· Período Moderno(1996-2020)

A responsabilidade pelos produtos e os limites da gestão de resíduos ainda têm de serdescritos nesse período. Ela inclui, entre outras, instalações para o tratamento físico-químico de substâncias perigosas como óleo usado, ácidos, lixívias, solventes, restos de produtos químicos etc. Além de instalações para o tratamento preliminar de resíduos biodegradáveis.



CONCEITOS

Genericamente, lixo é o conjunto de resíduos sólidos, materiais não aproveitados que se encontram em estado sólido, resultantes das atividades humanas.

O lixo, por conter muita matéria orgânica, constitui-se em um ambiente ecologicamente favorável para inúmeras organizações que tornam-se veiculadores ou reservatórios de moléstias, como roedores, moscas, mosquitos, suínos, aves.2

Por definição, resíduo é tudo aquilo não aproveitado nas atividades humanas, proveniente das indústrias, comércios, hospitais e residências. Como resíduos encontramos o lixo, produzindo de diversas formas, e todo material que não pode ser jogado ao lixo, por ser altamente tóxico ou prejudicial ao meio ambiente.

Para efeito desse Regulamento Técnico, definem-se como geradores de RSS todos os serviços relacionados com o atendimento à saúde humana ou animal, inclusive os serviços de assistência domiciliar e de trabalhos de campo; laboratórios analíticos de produtos para saúde; necrotérios, funerárias e serviços onde se realizem atividades de embalsamamento (tanatopraxia e somatoconservação); serviços de medicina legal; drogarias e farmácias inclusive as de manipulação; estabelecimentos de ensino e pesquisa na área de saúde; centros de controle de zoonoses; distribuidores de produtos farmacêuticos, importadores, distribuidores e produtores de materiais e controles para diagnóstico in vitro; unidades móveis de atendimento à saúde; serviços de acupuntura; serviços de tatuagem, dentre outros similares:
 

1.    Resíduo biológico: é a expressão usada para descrever os diferentes tipos de resíduos que incluem agentes infecciosos. Para fornecer um ambiente de trabalho seguro, todos os agentes infecciosos devem ser manipulados de acordo com o Nível de Biossegurança (NB) a que estão relacionados, dependendo de: virulência, patogenicidade, estabilidade, rota da propagação, comunicabilidade, quantidade e disponibilidade de vacinas ou de tratamento. O NB aplicável define não somente os procedimentos gerais de manipulação, mas também o tratamento dos resíduos biológicos. Atualmente, as seguintes categorias de resíduos são consideradas resíduos biológicos:


1.1   Resíduo medicinal: envolve todo o resíduo continuamente gerado em diagnóstico, em tratamento ou na imunização de seres humanos ou de animais, em pesquisa e na produção de testes dos biológicos.
1.2  Resíduos de laboratórios biológicos ou que trabalhem com substâncias controladas: aqueles cujas pesquisas envolvem moléculas de DNA recombinante ou outras atividades reguladas pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).

1.3   Resíduo patológico (por exemplo, carcaças animais).



2.            Resíduo biológico: neste grupo estão incluídos diversos produtos como: substâncias e produtos químicos rejeitados (vencidos ou em desuso), os resíduos provenientes de aulas práticas ou projetos de pesquisa. Algumas substâncias químicas e misturas de produtos químicos são considerados resíduos perigosos pela Agência de Proteção Ambiental norte-americana (Environmental Protect Agency – EPA). Mesmo que um resíduo químico não se encontre entre os citados pela EPA, mas possua uma ou mais das seguintes características: ignitividade, corrosividade, reatividade ou toxicidade, deve ser considerado resíduo perigoso, segundo a NBR 10.0045.

3         Resíduo radioativo: esse grupo é classificado como resíduo de baixo ou de alto nível de radioatividade. O resíduo de baixo nível é típico daquele encontrado em instituições médicas e de pesquisa enquanto o resíduo de alto nível típico é aquele gerado em reatores nucleares. Devemos considerar resíduos radioativos todo o resíduo com radioatividade detectável que seja gerado nos procedimentos que envolvem o material radioativo licenciado. É preciso estar ciente de que também pode haver a geração combinada de alguns dos três tipos de resíduos perigosos. Por exemplo, carcaça de um animal que contenha material radioativo, produto químico perigoso ou talvez um agente infeccioso e que necessite de controle de acordo com as considerações e as exigências de todos os três tipos de perigos definidos anteriormente. Portanto, é preciso estar atento ao tipo de resíduo que eventualmente esteja gerando e procurar a maneira apropriada de agir em cada caso.



CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS (RESOLUÇÃO Nº 283, DE 12 DE JULHO DE 2001).



Resíduos Grupo A


Resíduos que apresentam risco à saúde pública e ao meio ambiente devido à presença de agentes biológicos:


- inoculo, mistura de microrganismos e meios de cultura inoculados provenientes de laboratório clínico ou de pesquisa, bem como , outros resíduos provenientes de laboratórios de análises clínicas;
 
- vacina vencida ou inutilizada;
 
- filtros de ar e gases aspirados da área contaminada, membrana filtrante de equipamento médico hospitalar e de pesquisa, entre outros similares;

 - sangue e hemoderivados e resíduos que tenham entrado em contato com

estes;
 
- tecidos, membranas, órgãos, placentas, fetos, peças anatômicas;

 - animais inclusive os de experimentação e os utilizados para estudos, carcaças, e vísceras, suspeitos de serem portadores de doenças transmissíveis e os morto à bordo de meios de transporte, bem como, os

resíduos que tenham entrado em contato com estes;

 - objetos perfurantes ou cortantes, provenientes de estabelecimentos prestadores de serviços de saúde;

- excreções, secreções, líquidos orgânicos procedentes de pacientes, bem

como os resíduos contaminados por estes;

 - resíduos de sanitários de pacientes;

- resíduos advindos de área de isolamento;

- materiais descartáveis que tenham entrado em contato com paciente;

- lodo de estação de tratamento de esgoto (ETE) de estabelecimento de saúde;

- resíduos provenientes de áreas endêmicas ou epidêmicas definidas pela autoridade de saúde competente.

Resíduos Grupo B



Resíduos que apresentam risco à saúde pública e ao meio ambiente devido as suas características física, químicas e físico-químicas:



- drogas quimioterápicas e outros produtos que possam causar mutagenicidade e genotoxicidade e os materiais por elas contaminados;



- medicamentos vencidos, parcialmente interditados, não utilizados, alterados e

medicamentos impróprios para o consumo , antimicrobianos e hormônios sintéticos;



- demais produtos considerados perigosos, conforme classificação da NBR 10.004 da ABNT (tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos).

                         

Resíduos Grupo C

Resíduos radioativos: enquadram-se neste grupo os resíduos radioativos ou contaminados com radionuclídeos, provenientes de laboratórios de análises clínicas, serviços de medicina nuclear e radioterapia, segundo a Resolução CNEN 6.05.



Resíduos Grupo D

Resíduos comuns: São todos os demais que não se enquadram nos grupos descritos anteriormente.


Foto  Lixão em Teresina